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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Amor e Intimidade


Toda a gente tem medo da intimidade — ter ou não ter consciência desse medo é outra história. A intimidade significa expor-se perante um estranho — e todos nós somos estranhos; ninguém conhece ninguém. Somos mesmo estranhos a nós próprios, porque não sabemos quem somos. A intimidade aproxima-o de um estranho. Tem de deixar cair todas as suas defesas; só assim a intimidade é possível. E o seu medo é que se deixar cair todas as suas defesas, todas as suas máscaras, quem sabe o que o estranho lhe poderá fazer. Todos nós andamos a esconder mil e uma coisas, não só dos outros mas de nós próprios, porque fomos criados por uma humanidade doente com toda a espécie de repressões, inibições e tabus. E o medo é que, com alguém que seja um estranho — e não importa se se viveu com a pessoa durante trinta ou quarenta anos; a estranheza nunca desaparece —, parece mais seguro manter uma ligeira defesa, uma pequena distância, porque alguém se poderá aproveitar das suas fraquezas, da sua fragilidade, da sua vulnerabilidade. Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade. Toda a gente quer intimidade porque, de outro modo, está sozinho neste Universo — sem um amigo, sem um amante, sem ninguém em quem confiar, sem ninguém a quem abrir todas as suas feridas. E as feridas não saram se não forem abertas. 

Osho, in 'Intimidade'

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cuidar-se

No processo de autoconhecimento temos momentos de grande alivio, prazer e também de muita dor. Entramos em contato com nossas ilusões, nossas crenças distorcidas sobre nos mesmos o outro e sobre a vida, com o nosso passado e as estratégias que criamos para sobrevivermos.

Descobrimos nossos muitos eus, aprendemos a nomea-los, nos decepcionamos conosco mesmos e aliviamos também muitas auto-exigências. Tudo isto consome muita energia, e nos tira do eixo em muitos sentidos.
O ato de conhecer a si mesmo, seu universo interior pode gerar alguns distúrbios em seu funcionamento mental e também físico. Poderíamos dizer que é um bom desequilíbrio em função de seu resultado mais profundo, mas também se não cuidarmos pode ser inconveniente e incomodo.
Alguns cuidados básicos podemos ter nesta aventura de autodescoberta: Cuidar bem do corpo (cuidando da alimentação, fazendo exercícios, alongamentos, tomando sol, tomando muito liquido, dormindo bem),  diminuído as tensões do dia a dia (através de práticas como yoga, Tai-chi, relaxamento psicofísico, etc.). Entrar em contato com freqüência com a natureza, descansar a mente (meditação, visualizações), procurar ajuda de profissionais de saúde física e mental quando necessário. Recolher-se sempre que possível na prece, na leitura edificante para a alma e na coneção espiritual.
Reforma intima

Autoaceitação




Não é possível reformar-se sem a aceitação completa de quem somos,  com todas as nossas qualidades e imperfeições.

O ponto básico para a transformação interior é aceitar a própria humanidade. Ser “humano”,  é ser inteiro,  integrar internamente todos os aspectos rejeitados por nós.
Aceitar as imperfeições não é se tornar conivente, é antes de tudo reconhecê-las,  aceitá-las como  partes nossas e só assim, transformá-las.
Aceitar que temos imperfeições nos leva muitas vezes a culpa, auto-recriminação e autopunição. Levando em consideração que as imperfeições ainda fazem parte da realidade humana, não há porque culpar-nos como se fossemos os únicos que as tivéssemos.
Potencialmente temos em nós germens de todas as imperfeições e todas as qualidades.
Aceitar-se humano é aceitar não ser especial ou diferente do restante da humanidade.
No fundo, não aceitar a própria humanidade é querer estar acima do comum, é se achar em algum nível melhor ou mais evoluido espiritualmente.
Aceitar nossas imperfeições não é motivo de tristeza, mas de alívio, só dessa forma, podemos abrir mão da exigência de uma perfeição ainda inalcançável.
Só dessa forma, podemos alcançar a verdadeira alegria, que é ser quem realmente podemos ser nesse exato momento, estando aberto para melhorar sempre para expressarmos nossa luz interior.
Reforma intima

Desfazendo-se de algumas ilusões


Uma das maiores causas de nossas dores são algumas de nossas ilusões. Uma das piores é a de querermos o mundo, o outro e a si mesmo perfeitos.
Para diminuirmos nossas dores, sofrimentos é imperioso aceitar as próprias imperfeições, as dos outros e as do mundo. Essa é a nossa realidade, a realidade que nos cabe na nossa condição evolutiva e estado de alma.
É necessário aceitar a dor como parte natural de nossa vida, aprender com ela e superarmos a necessidade específica de aprendizado que ela nos suscita.
Uma ilusão muito comum é a de querer o melhor da vida sem pagar o preço do auto-enfrentamento, crescimento e amadurecimento espiritual.
Reforma intíma

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

REPRIMIR É ERRADO?

Reprimir não é errado, mas ineficiente como agente de transformação. Ele é um auxiliar importante para vivermos socialmente, mas não para crescermos interiormente.

Lidando com a defesa: Procure conhecer mais sobre seus sentimentos,  suas emoções, tendências, características e imperfeições. Busque mais, entender que criticar ou julgar, busque as origens destas características, informe-se. Tudo o que desconhecemos, tememos.
Eduque o que não está de acordo com o que escolhe vivenciar ou viver, mas não reprima simplesmente, pois você só dará mais força a esse aspecto do seu ser.

Lidando com a defesa: Busque se conhecer mais e educar o que você percebe ameaçador no seu comportamento ou no seu intimo. Tudo pode ser transformado.

Lidando com a defesa: Sendo o mais especifico que pudermos, nomeando, evidenciando, sobretudo para nós mesmos todas as nossas falhas, limitações e imperfeições.


Nota: Para não termos que lidar com nossas imperfeições generalizamos esse ponto nas outras pessoas para torná-la mais leve e assim não sofro com minha própria imperfeição, por ex: quando me percebo desonesto, então digo que todo mundo é desonesto e dessa forma abrando minha própria desonestidade e não faço a mudança necessária. Outra forma de generalização muito comum, é que aprendemos a usar desde crianças, por ex, quando nos sentimos traídos por um genitor, podemos “generalizar” dizendo que todos os homens, todas as mulheres ou todas as autoridades irão me trair, dessa forma fica mais fácil controlar a vida e evitar sofrer novamente. Outra forma é quando admitimos algumas falhas genéricas (sou egoísta, orgulhoso…) não assumimos nossas falhas individuais e dessa forma não temos que nos enfrentar e transformar.

Reforma intíma

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Ultimas mensagens...vê se alguma é para ti, por favor...clica e lê

20/2 às 1:51
Mensagem
Existe quem esteja a passar por muitos maus momentos, perda de saúde, perda nos relacionamentos....e mesmo assim continua centrada no próprio umbigo...só os problemas dela são importantes, sejam eles pequenos ou grandes! Espera atenção de todos e não presta atenção nos outros! Seria muito bom que aprendesse as lições que a vida lhe está a dar! O que quer mesmo para olhar à sua volta e ver que existem pessoas que precisam de si, amigos e principalmente familiares!
Dê amor e esqueça de se vitimizar, os que estão a seu lado estão cansados, dê-lhe carinho e mostre gratidão, peça perdão e fortaleça-se em Deus!
Essa é a prova...deixar de ser tão egoísta e ter mais gratidão..
BUSQUE DEUS dentro do seu coração

19/2 às 20:32
Mensagem
Existe uma voz no teu interior que não deixa de te dar coordenadas para a tua vida, aprende a escutá-la! Silencia, agradece pela paciência e amor! Não te distraias tanto com o ilusório, pensando que fugindo dessa voz, serás mais feliz! Engano teu, quando tiveres consciência da voz, essa mesmo que tantas vezes escutas e duvidas, começas a olhar para trás e dizes; eu sabia, algo me dizia, e eu segui, sem me dar ouvidos! Porque essa voz está na tua consciência e o coração confirma-te.

18/2 às 20:43
Mensagem
Trazes na tua alma toda a sabedoria que armazenaste durante vidas, e com ela podes fazer muito, por todas as almas menos sábias, com mais dificuldade em compreenderem as leis de Deus. Ajuda-as com a tua luz e terás ajuda divina, pede inspiração, sempre que sintas o chamado! Gosto de te sentir humilde nos teus passos, não temas, Deus está olhando a tua entrega com amor, segue assim sem vaidade, sem esperar aplausos, apenas deixa fluir a Luz.

17/2 às 10:15
Mensagem
Que seria a vida se em nada acreditasses, seria um vazio que não te levaria a caminho algum! Ainda bem que já te deste conta que o teu caminho não é igual a nenhum outro, mas uma coisa é verdade, todos têm como destino a mesma meta! Não vale a pena pendurares-te no outro, porque só te leva no caminho dele, volta atrás agora e segue com atenção, se estiveres feliz, podes crer que estás no teu caminho! No caminho certo há leveza, tens ajuda, não caminhas só, existe alegria no teu coração, nada te preocupa, no fundo da tua alma existe uma certeza do teu verdadeiro caminho e ela te guia.

15/2 às 13:35
Mensagem
Como queres ter compreensão profunda e sentida dos atributos Divinos, se pouco fazes para alimentar a tua relação com Deus?! A maioria de vocês só se lembra de Deus quando estão mal, ou algo muito bom vos acontece. Digo-vos que se não alimentarem também a fé diariamente como alimentam o corpo, é certo que sentirão um vazio na alma, que é tristeza....fome de Deus! Se abrirem o coração e muitos de vós também a mente, para as coisas divinas, saberão donde vos vem a força, alegria e o amor! Será com certeza fruto da vossa intimidade com Deus.

13/2 às 21:20
Mensagem
Com amor no teu coração, chegas onde quiseres, principalmente aos que mais falta de amor demonstram , esses precisam de mais atenção, não desistas deles! Lembra-te, eles só não demonstram, mas são por vezes os que mais sentem e recebem o teu amor, como quem está a morrer de sede! Lentamente habituam-se a beber dessa fonte de Amor, e muitas vezes tornam-se o melhor canal do amor de Deus a outros necessitados! Não julgues...AMA.

12/2 às 18:43
Mensagem
Tem horas que a vida se torna difícil, parece que não vais suportar, pensas que Deus te abandonou! Enganas-te, Ele é o único que fica contigo em todos os momentos, queiras tu ou não! Um dia vais encontrar explicação para esta tua vida, há coisas que não podes saber ainda! Por vezes dói muito a cura da alma.
Tu vais conseguir, não desistas.

por Marília Masgalos

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

COMO DEVEMOS ORAR? Deus, que perscruta os pensamentos humanos, não quer ser rogado com gritos.

 Seja a nossa oração a que o nosso Mestre nos ensinou. É cara e familiar a Deus a oração composta pelo Seu mesmo Filho. Assim, quando rezamos, o Pai reconhece as palavras do Filho.

Aquele que é hóspede do nosso coração esteja também nos nossos lábios. Se Cristo está junto do Pai como advogado para os nossos pecados, nós pecadores devemos rogar o perdão dos pecados com as mesmas palavras do Advogado. De fato, se Ele nos prometeu obter tudo o que pedirmos ao Pai em Seu Nome (Jo. 16, 23), quanto mais eficazmente obteremos o que pedimos em Nome de Cristo se o pedimos com a Sua mesma oração?

Os que rezam, tenham devoção à doçura das palavras. Pensemos estar na presença de Deus e por isso devemos ser aceites aos Seus olhos pela atitude do corpo e pela maneira como rezamos. Como é imprudente quem pede sem piedade, assim a oração convém que seja em tom respeitoso e submisso. O Senhor ensinou-nos a rezar no silêncio e nos lugares escondidos das nossas casas. Esta atitude é mais adequada à nossa fé para que saibamos e jamais olvidemos que Deus está em toda a parte, vê tudo e atende a todos, enche com a plenitude da Sua majestade os lugares mais recônditos.

Está escrito: “Não sou Eu o Deus do alto e o Deus que está a teu lado? Se o homem se esconde, deixo acaso de o ver? Não sou Eu que encho o céu e a terra?” (Jr. 23, 23-24). “Em todo o lugar os olhos de Deus observam os bons e os maus” 

«Dois homens subiram ao templo para rezar; um era fariseu, o outro era publicano. O fariseu, de pé, rezava assim: “Eu Te dou graças, ó Deus, porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros; nem tão pouco sou como aquele publicano. Eu jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus bens”. O publicano, ao contrário, lá longe, nem se atrevia a erguer os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. Pois Eu vos digo que este voltou justificado para sua casa. Não aconteceu o mesmo com o outro, pois quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado» (Lc. 18, 10-14).

O PODER DA FÉ


A fé é algo muito subjetivo. Penso que todos devemos ter fé em alguém ou em alguma coisa, pois nossa vida, desde o milagre do nascimento(entendo por nascimento o momento do encontro mágico entre o espermatozóide e o óvulo, no recinto sagrado que é o útero materno), sempre será regida por alguma força superior, e que cada qual a identifique como sua consciência determinar. O certo é que esse milagre da criação não pode ser atribuído à ciência. Nem mesmo as inseminações artificiais, pois se não houver condições propícias, não há ciência que dê jeito.

Dentro dessa fé, entendo que não deve haver fanatismo. Apenas a crença de que existe uma força superior. Mas não podemos deixar de fazer a nossa parte para bem aproveitar esse milagre que nos deu a vida. Saibamos vive-la.

Li em algum lugar, uma citação super linda de São Cipriano:

Deus não escuta a voz, mas o coração.

Portanto não é suficiente fazer milhares de orações com pedidos e mais pedidos para Deus, se não conseguirmos "falar" com o coração.

Em nossos momentos de dor, é lícito nos voltarmos para Alguém, em busca de algum lenitivo, mas não podemos ficar apenas aguardando que providências divinas solucionem nossos problemas.

Portanto, quando os problemas aparecem, temos que fazer nossa parte para solucioná-los. Os atos, afinal, indicam nossa vontade real de chegar à solução.

Algo que muitos sempre se esquecem de fazer, é agradecer ao Amigão pelo que temos, pelo que conseguimos. A obrigação de fazer algo por nós é nossa mesmo. Portanto não custa nada um simples “Obrigado Amigão”, pelas coisas boas que nos acontecem. Muitas vezes, até pelas más, pois se soubermos analisar eventuais  quedas, elas poderão servir para dar melhor impulso ao nos levantarmos, corrigindo as falhas que as ocasionaram.

Devemos saber analisar tudo que nos acontece, e buscar suas causas. Se acontecimentos felizes, sempre é bom sabê-las, para não as esquecermos. Se infelizes, igualmente não devemos esquecer quais foram as causas, para evitá-las no futuro.

Quando encontramos pessoas, saibamos analisar nossos sentimentos, sempre procurando evitar algo que possa causar eventuais mágoas ou ressentimentos.

Sempre devemos saber como nos comunicar, principalmente nos relacionamentos pessoais, pois sentimentos como o amor, a amizade, não se falam... se sentem.

Não adianta chamar alguém de amigo, se por dentro o desprezarmos. Temos que sentir a sinceridade do sentimento.

Assim se consegue a felicidade... assim se consegue espalhar a felicidade, o bem estar.

A mais importante voz com que devemos nos comunicar, é a “VOZ DO CORAÇÃO”. Para isso, é fundamental usar sempre de muita sinceridade, procurando sempre transmitir aquilo que nos vai na alma. Sejam, sentimentos de alegria ou tristeza, sempre devemos manter aberta nossa comunicabilidade, para que não persistam dúvidas sobre nossas atitudes.

Marcial Salaverry

EXISTIRÁ A FELICIDADE ETERNA?

Sem querer ser pessimista, acredito que a felicidade eterna somente será encontrada quando não estivermos mais aqui.
Contudo, existem crenças que afirmam que nossa partida poderá ser o ponto de partida para uma expiação, portanto, nem lá existe a tal da felicidade eterna.

Será que realmente existe felicidade?

A felicidade é algo muito subjetivo. Todos a buscam, mas poucos a encontram. Talvez por não saber “sentir”.

A propósito, como se define a felicidade? Como podemos saber se estamos sendo felizes? Algumas pessoas precisam de um aperto de mão amigo, de uma palavra de consolo. Com isso, estão felizes. Afinal, nem todos são dignos de receber esse aperto de mão amigo, esse olhar simpático, como que dizendo: Gosto de você.

Outras, contudo, para estar felizes são mais exigentes. Querem luxo, saldo bancário com muitos zeros. Quando conseguem, querem mais. Usam como argumento, uma frase muito interessante e lógica: O dinheiro não traz a felicidade...Manda buscar. Mas por vezes o frete é muito caro. Custa algo chamado dignidade. Fazer o que, não se fazem omeletes sem quebrar ovos.

Já teve alguém que me disse que para ser feliz, só queria ter saúde... E que seu dinheiro todo não conseguiu trazê-la. É outro ponto sujeito a controvérsias...

Li um pensamento muito interessante, cujo autor desconheço (é tão inteligente, que poderia ser meu...). Vejam: Felicidade plena não existe... A vida é feita de uma sucessão de momentos felizes... E infelizes também.

Realmente, nunca podemos nos considerar totalmente felizes. Sempre existe uma “peninha” para atrapalhar. Aliás, é nisso que está o gosto pela vida. Sempre temos que lutar por algum objetivo que, uma vez alcançado, serve de trampolim para outro.

Não devemos nos considerar totalmente realizados. É inerente ao ser humano sempre sonhar com algo mais. É preciso continuar vivendo, e lutar por algo é tão necessário como o ar que respiramos, pois a pessoa sem objetivos entra em depressão, e começa a julgar-se um inútil. Paradoxal, não? Consegue realizar tudo o que sonhou, e entra em depressão por causa disso. Enfim, assim é a natureza humana, sempre encontra algo para atrapalhar a felicidade plena, total, completa e irrestrita.

O que devemos fazer é aproveitar tudo o que de bom a vida nos oferece, enquanto podemos aproveitar. Paralelamente, temos que saber aceitar os revezes que nos cruzam o caminho, sem mágoas ou revolta. Não esquecendo de que apenas felicidade, chega a atrapalhar, pois nos tira a vontade de lutar, além de nos dar a falsa impressão de que tudo podemos, e assim, estamos sujeitos a grandes quedas. Aliás, a história sempre registra algo nesse sentido. Líderes que chegaram ao topo, e de repente despencaram do pedestal onde se tinham instalado.

Sempre temos que ter algum objetivo na vida. É nessa vontade lutar, de viver, que existe a verdadeira felicidade.  É nessa capacidade de aceitar tudo o que de bom e de ruim a vida nos oferece, que se pode dizer: SOU FELIZ. E, principalmente, é adquirindo-se a certeza de que as coisas que nos acontecem obedecem a diretrizes de Alguém, é que se consegue realmente enxergar o que poderá ser a felicidade em cujo encalço estamos.

Como superar os momentos infelizes? Tendo no seu interior a certeza de que esses azares são simplesmente uma questão temporal, algo que surgiu somente para testar sua força de vontade, sua capacidade em superar adversidades. Aí sim, você poderá saber se merece ou não ter mais momentos felizes do que infelizes, porque estes também são inevitáveis. Já dizia um velho provérbio: não há bem que sempre dure, e nem mal que nunca se acabe. Parece uma bobaginha, mas não é. Temos que estar sempre preparados para tudo, e não só para os bons momentos.

 Marcial Salaverry

HUMILDADE OU ORGULHO


Vamos analisar a diferença que existe entre humildade e orgulho, e mesmo   entre o significado dessas palavras. O fato de uma pessoa ter humildade,  não significa exatamente ser alguém de origem humilde. Existem muitas  pessoas que tem muito boa situação financeira, nascidas mesmo no chamado "berço de ouro", e que são extremamente humildes, nunca ostentando sua fortuna, seus títulos ou seja lá o que for. Não se consideram melhores do que ninguém por causa do que possuem. 

Paralelamente, existem outras que adoram arrotar tudo aquilo que possuem, julgando-se melhores que os demais, porque tem isso ou aquilo. Julgam-se os melhores, e que o mundo não subsistirá sem sua presença. Se chegam a  fazer algo em prol de alguém, fazem questão de noticiar aos quatro ventos, para que todos a vejam como alguém enviado dos céus... E não é por aí...

Saiba ser único e especial, mas conscientize-se de que ninguém é insubstituível.

A presunção, aos olhos de todos, causa antipatia e arrogância.

Saiba ser humilde, mas não se humilhe ou se rebaixe. Saiba ser grande, mas sem se exaltar.

Agindo assim, você continuará insubstituível, mas será uma pessoa muito especial para todos que o cercam.

É uma verdade iniludível. Nada, nem ninguém é insubstituível. Por melhor que façamos determinada coisa, sempre poderá haver alguém que a poderá fazer igual, ou talvez melhor. De outra maneira, possivelmente, mas com os mesmos resultados. Basta que se aplique como nós nos aplicamos. É inerente ao ser humano, aprender tudo aquilo que quiser aprender, desde que se disponha a fazê-lo com afinco e boa vontade. Todos somos dotados de inteligência. Alguns, com melhor vocação para este ou aquele campo de atividade, para onde direcionará seus melhores esforços. Mas isso não quer dizer que não tenha capacidade para outras coisas. Se tiver a humildade necessária para buscar os ensinamentos nas fontes certas, conseguirá aprender a fazer qualquer coisa. Assim, nada nem ninguém é insubstituível, não se justificando portanto certas posturas orgulhosas de pessoas que se consideram  melhores que as outras.

Vamos abaixar um pouco a crista. O que ocorre, é que alguns têm melhores oportunidades que outros. Não quero tirar o mérito de ninguém, pois quem chegou a algum lugar, atingiu um nível melhor, o fez por reunir qualidades para tanto. Apenas penso não ser correto uma atitude de orgulho exacerbado, o fato de se julgar superior aos demais.

Na verdade, somos todos iguais. Certas circunstâncias determinam um sucesso maior ou menor de alguns. Palmas para todos que souberam conquistar seu lugar ao sol, reunindo méritos para uma posição melhor.  Apenas não devemos nos esquecer de que a humildade no trato com as pessoas é uma qualidade de primeira grandeza.

Sem o diretor, uma empresa fica acéfala, não funciona direito. Mas sem o faxineiro também fica complicado para se trabalhar.  São pequenas coisas que precisamos parar para pensar um pouco, para não perder nosso senso de humildade e justiça.

Marcial Salaverry

SER PURO, SEM SER SERVIL

Ser puro, sem ser servil. Nunca discute. Nunca argumenta. Aceita passivamente o que outro lado determina. A mansidão também é má conselheira, pois a pessoa um dia se sente de tal maneira sufocada, que explode. E isso também não é bom. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Ninguém deve se anular em benefício de outrem. Colaborar, ajudar, mostrar boa vontade, é uma coisa. Deixar de viver a própria vida para viver a de outro é contraproducente, pois faz mal para alma, que se sente violentada. 

UM ESPÍRITO NOS FUNERAIS DE SEU CORPO

 

ESTADO DA ALMA NO MOMENTO DA MORTE

Os Espíritos sempre nos disseram que a separação da alma e do corpo não se dá instantaneamente; algumas vezes começa antes da morte real, durante a agonia; quando a última pulsação se faz sentir, o desprendimento ainda não se completou, operando-se mais ou menos lentamente, conforme as circunstâncias e, até sua completa liberação, experimenta uma perturbação, uma confusão que lhe não permitem dar-se conta de sua situação; encontra-se no estado de alguém que desperta e cujas idéias são confusas. Tal estado nada tem de penoso para o homem cuja consciência é pura; sem saber explicar bem o que vê, está calmo, esperando, sem temor, o completo despertar; é, ao contrário, cheio de angústia e de terror para quem teme o futuro. Dizemos que a duração dessa perturbação é variável; é bem menor nos que, durante a vida, já elevaram seus pensamentos e purificaram a alma, sendo suficientes dois ou três dias, enquanto a outros são necessários, por vezes, oito dias ou mais. Temos presenciado freqüentemente esse momento solene e sempre vimos a mesma coisa; não é, pois, uma teoria, mas o resultado de observações, desde que é o Espírito quem fala e pinta a sua própria situação. 

Eis a seguir um exemplo muito mais característico e interessante para o observador, já que não se refere a um Espírito invisível escrevendo através de um médium, mas a um Espírito que é visto e ouvido na presença de seu corpo, seja na câmara mortuária, seja na igreja, durante o serviço fúnebre.

O Sr.  X...  acabava de ser acometido de um ataque de apoplexia; algumas horas depois de sua morte o Sr.  Adrien, um de seus amigos, achava-se na câmara mortuária com a esposa do defunto; viu o Espírito deste, muito distintamente, caminhar em todos os sentidos, olhar alternadamente para seu corpo e para as pessoas presentes e, depois, assentar-se numa poltrona; tinha exatamente a mesma aparência que possuía em vida; vestia-se do mesmo modo: sobrecasaca e calça pretas; tinha as mãos no bolso e o ar preocupado.

Durante esse tempo sua mulher procurava um papel na secretária. Olhando-a, o marido disse: “Por mais que procures, nada encontrarás.” Ela nada suspeitava do que então se passava, pois o Sr.  X...  era visível apenas ao Sr.  Adrien.

No dia seguinte, durante o serviço fúnebre, o Sr. Adrien viu novamente o Espírito do amigo vagando ao lado do caixão, embora não mais portasse o costume da véspera; fazia-se envolver por uma espécie de túnica, estabelecendo-se entre ambos a seguinte conversa.  Notemos, de passagem, que o Sr. Adrien absolutamente não é sonâmbulo e que nesse momento, tanto quanto no dia anterior, estava perfeitamente desperto e o Espírito lhe aparecia como se fosse um dos assistentes do enterro.

P. Dize-me uma coisa, meu caro Espírito: que sentes agora?
Resp.  – Bem e sofrimento.

P. Não compreendo isso.
Resp. – Sinto que estou vivendo minha verdadeira vida e, no entanto, vejo meu corpo aqui neste caixão; apalpo-me e não me percebo, contudo, sinto que vivo, que existo. Sou, pois, dois seres? Ah! Deixai-me sair desta noite: tenho pesadelo.

P. Permanecerás por muito tempo assim?
Resp.  – Oh! Não; graças a Deus, meu amigo; sinto que logo despertarei. De outro modo seria horrível; tenho as idéias confusas; tudo é nevoeiro; sonho na grande divisão que acaba de ser feita... e da qual ainda nada compreendo.

P. Que efeito vos produziu a morte?
Resp. – A morte! Não estou morto, meu filho; tu te enganas. Levantava e, de repente, fui tomado por uma escuridão que me desceu sobre os olhos; depois me ergui: julga o meu espanto ao me ver e me sentir vivo, percebendo, ao lado, sobre a laje, meu outro ego deitado.  Minhas ideias eram confusas; errei para me refazer, mas não pude; vi chegar minha esposa, velar-me, lamentar-se, e me perguntei: Por quê? Consolei-a, falei-lhe, mas não respondia nem me compreendia; foi isso que me torturou, deixando-me o Espírito ainda mais perturbado.  Somente tu me fizeste o bem, porque me ouviste e compreendes o que quero; tu me auxilias a pôr em ordem minhas ideias e me fazes um grande bem; mas por que os outros não fazem o mesmo? Eis o que me tortura... O cérebro está esmagado em face dessa dor... Irei vê-la; quem sabe ela me entenda agora... Até logo, caro amigo; chama-me e irei ver-te... Far-te-ei uma visita de amigo... Surpreender-te-ei... Até logo.

A seguir o Sr. Adrien o viu aproximar-se do filho, que chorava. Curvou-se sobre ele, permaneceu alguns instantes nessa posição e, depois, partiu rapidamente. Não havia sido entendido, mas imaginava, por certo, ter produzido um som. Quanto ao Sr. Adrien, estava persuadido de que aquilo que dizia o Sr. X... chegava até o coração do filho, comprometendo-se a prová-lo. Mais tarde viu o rapaz: estava mais calmo.

Observação – Esta narração concorda com tudo aquilo que havíamos observado sobre o fenômeno da separação da alma; confirma, em circunstâncias bastante especiais, essa verdade: após a morte o Espírito ainda está ali presente. Enquanto todos acreditam ter diante de si um corpo inerte, ele vê e escuta tudo quanto se passa à sua volta, penetra o pensamento dos assistentes e sabe que, entre si e estes últimos, a única diferença que existe é a visibilidade e a invisibilidade; as lágrimas hipócritas dos ávidos herdeiros não o enganam. Quantas decepções devem os Espíritos experimentar nesse momento! 

  REVISTA ESPÍRITA
JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

QUEM NÃO TEM PECADO QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA


“Alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no meio de todos. Eles disseram:
 -Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o senhor, o que é que diz sobre isso?
Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam acusá-lo. Mas Ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. Como eles continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a eles:
- Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher!
 Depois curvou-se outra vez e continuou a escrever no chão.Quando ouviram isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e disse:
- Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
- Ninguém, senhor! - respondeu ela. Jesus disse:
- Pois Eu também não condeno você. Vá e não peque mais!” (JOÃO 8 v. 3-11)

“De novo Jesus começou a falar com eles e disse:
- Eu Sou a luz do mundo; quem Me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida. Vocês julgam de modo puramente humano; mas Eu não julgo ninguém.
E, se Eu julgar, o Meu julgamento é verdadeiro porque não julgo sozinho, pois o Pai, que Me enviou, está Comigo.”                  (JOÃO 8  v. 12, 15-16)

Todos somos filhos do mesmo Pai, o Deus Todo-Poderoso.  Foi Ele quem nos deu vida. Mas embora alguns tenham tomado caminhos errados,  continuam sendo filhos de Deus e nossos irmãos. Somos uma família, por isso devemos obedecer ao Pai, para sermos usados por Ele para ajudarmos nossos irmãos. Como Pai Deus fica triste em ver Seus filhos sendo usados pelo inimigo para fazer mal uns aos outros. E Ele quer que esses filhos enxerguem o caminho errado que estão seguindo. E Deus conta conosco para trazer nossos irmãos de volta para Ele. Por isso paremos de ofender, de apontar o erro do outro, pois agindo assim seremos reconhecidos como filhos de Deus.


“Jesus também contou esta parábola para os que achavam que eram muito bons e desprezavam os outros:
- Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho.’
- Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: ‘Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!’
E Jesus terminou, dizendo:
- Eu afirmo a vocês que foi este homem, e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado, e quem se humilha será engrandecido.” (LUCAS 18 v. 9-14)

SUICÍDIO POR AMOR...quais as consequências espirituais?

Suicídio por amor
 
Há sete ou oito meses, o chamado Louis G..., operário sapateiro, fazia a corte a uma senhorita Victorine R..., pespontadora de botinas, com a qual se deveria casar muito brevemente, uma vez que os proclamas estavam em curso de publicação. Estando as coisas nesse, ponto, os jovens se consideravam quase que como definitivamente unidos, e, por medida de economia, o sapateiro vinha, cada dia, para tomar suas refeições, na casa de sua noiva.
 
Quarta-feira última, tendo vindo Louis, como de costume, jantar na casa da pespontadora de botinas, sobreveio uma contestação, a propósito de uma futilidade; obstinaram-se de parte a parte, e as coisas chegaram ao ponto de Louis deixar a mesa, e jurando partir para jamais voltar.
 
No dia seguinte, todavia, o sapateiro, embaraçado, veio ceder enfim e pedir perdão: sabe-se que a noite é boa conselheira; mas a operária, talvez prejulgando, segundo a cena da véspera, o que poderia sobrevir quando não tivesse mais tempo de se desdizer, recusou se reconciliar, e, protestos, lágrimas, desespero, nada fê-la dobrar-se.
Louis, esperando que sua bem-amada estivesse mais tratável, quis tentar um último entendimento: chegou, pois, e bateu à porta de modo a se fazer conhecer, mas ela recusou abrir; então, novas súplicas da parte do pobre intrigado, novos protestos através da porta, mas nada pôde tocar a implacável pretendida. "Adeus, pois, malvada! gritou enfim o pobre rapaz, adeus para sempre! Tratai de encontrar um marido que vos ame tanto quanto eu! Ao mesmo tempo a jovem ouviu uma espécie de gemido abafado, depois como o barulho de um copo que cai escorregando ao longo de sua porta, e tudo voltou ao silêncio; então ela se imaginou que Louis se instalou na soleira da porta para esperar sua primeira saída, mas ela se prometeu não pôr o pé para fora, enquanto ele ali estivesse.
 
Fora apenas há um quarto de hora que isso ocorrera, quando um locatário que passava sobre o patamar com uma luz, soltou uma exclamação e pediu socorro. Logo os vizinhos chegaram, e a senhorita Victorine, tendo igualmente aberto sua porta, lançou um grito de horror, percebendo estendido sobre o ladrilho, seu pretendido pálido e inanimado. Cada um se apressa em lhe dar socorro, informou-se de um médico, mas logo se percebeu que tudo seria inútil, e que ele deixou de existir. O infeliz jovem havia mergulhado seu trinchete na região do coração, e o ferro ficara na ferida.
 
Esse fato, que encontramos no Siècle do dia 7 de abril último, sugeriu o pensamento de dirigir-se, a algum Espírito superior, algumas perguntas sobre suas conseqüências morais. Hei-las aqui, assim como as respostas que nos foram dadas pelo Espírito de São Luís, na sessão da Sociedade do dia 10 de agosto de 1858. 
1. A jovem, causa involuntária da morte de seu amante, tem responsabilidade?
- R. Sim, porque ela não o amava.
 
2. Para prevenir essa infelicidade, deveria desposá-lo apesar da sua repugnância?
- R. Ela procuraria uma ocasião para se separar dele; ela fez no começo de sua ligação o que deveria fazer mais tarde.
 
3. Assim sua culpa consiste em ter mantido nele os sentimentos que ela não partilhava, sentimentos que causaram a morte do jovem?
- R. Sim, é isso.
 
4. Sua responsabilidade, nesse caso, deve ser proporcional à sua falta; não deve ser tão grande como se ela tivesse provocado voluntariamente a morte?
- R. Isso salta aos olhos.
 
5. O suicídio de Louis, encontra uma desculpa no descaminho em que o mergulhou a obstinação de Victorine?
- R. Sim, porque seu suicídio, que provém do amor, é menos criminoso aos olhos de Deus do que o suicídio do homem que quer se libertar da vida por um motivo de covardia.
Nota. - Dizendo que esse suicídio é menos criminoso aos olhos de Deus, isso significa, evidentemente, que há criminalidade, embora menor. A falta consiste na fraqueza que não soube vencer. Sem dúvida, era uma prova sob a qual ele sucumbiu; ora, os Espíritos nos ensinam que o mérito consiste em lutar, vitoriosamente, contra as provas de todas as espécies, que são a própria essência de nossa vida terrestre.
 O Espírito de Louis C... tendo sido evocado uma outra vez, se lhe dirigem as perguntas seguintes: 
1. Que pensais da ação que cometestes?
- R. Victorine é uma ingrata; eu errei em matar-me por ela, porque ela não o merecia.
 
2. Ela, pois, não vos amava?
 - R. Não; ela acreditou no início; iludiu-se; a cena que lhe fiz abriu-lhe os olhos; então, ela ficou contente com esse pretexto para se desembaraçar de mim.
 
3. E vós, a amavas sinceramente?
- R. Tinha paixão por ela: eis tudo, eu acreditava; se amasse com amor puro, não teria querido causar-lhe pesar.
 
4. Se ela soubesse que queríeis realmente vos matar, teria persistido em sua recusa?
- R. Não sei; não creio, porque ela não é má; mas ela seria infeliz; foi melhor para ela que isso se passou assim.
 
5. Chegando à sua porta, tínheis a intenção de vos matar em caso de recusa?
- R. Não; não pensava nisso; não acreditava que ela seria tão obstinada; não foi senão quando vi sua obstinação, quando então a vertigem me tomou.
 
6. Pareceis não lamentar o vosso suicídio senão porque Victorine não a merecia; é o único sentimento que experimentais?
- R. Neste momento, sim; estou ainda todo perturbado; parece-me estar à sua porta; mas sinto outra coisa que não posso definir.
 
7. Compreendê-la-eis mais tarde?
- R. Sim, quando estiver esclarecido... Fiz mal; devia deixá-la tranqüila... Fui fraco e disso carrego a pena... Vede bem, a paixão cega o homem e leva-o a fazer tolices. Só o compreende quando não há mais tempo.
 
8. Dissestes que disso carregavas a pena; que pena sofreis?
- R. Errei em abreviar minha vida; não o devia; devia suportar tudo antes que pôr-lhe fim antes do tempo; aliás, sou infeliz; sofro; é sempre ela quem me faz sofrer; ela me parece ainda ali, à sua porta; a ingrata! Não me faleis dela mais; não quero nela mais pensar, isso me faz muito mal. Adeus.
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jornal espírita          

A VOZ DO ANJO DA GUARDA

A VOZ DO ANJO DA GUARDA
Médium – Srta.  Huet

Todos os homens são médiuns; todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. Pouco importa que alguns se comuniquem diretamente com ele por uma mediunidade particular, e que outros não o ouçam senão pela voz do coração e da inteligência; nem por isso deixará de ser o seu Espírito familiar que os aconselha.  Chamai-o Espírito, razão, inteligência: é sempre uma voz que responde à vossa alma e vos dita boas palavras; só que nem sempre as compreendeis. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, não da razão que se arrasta, em vez de marchar, dessa razão que se perde em meio aos interesses materiais e grosseiros, mas da razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta para regiões desconhecidas; chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que eleva o filósofo, impulso que arrasta os indivíduos e os povos, razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade mais que qualquer outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido ao desconhecido, fazendo com que execute os atos mais sublimes. Ouvi, pois, essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo da guarda, que do alto do céu vos estende as mãos.

Channing

As pessoas dotadas da visão espiritual podem ser consideradas como médiuns?

As  pessoas  dotadas  da  visão  espiritual  podem  ser  consideradas  como  médiuns?

Sim e não, segundo as circunstâncias. A mediunidade consiste na intervenção dos Espíritos; o que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico. Aquele que possui a visão espiritual por seu próprio Espírito, e nada implica a necessidade do concurso de um Espírito estranho; não é médium porque vê, mas pelo fato de suas relações com outros Espíritos. Segundo sua natureza boa ou má os Espíritos que o assistem podem facilitar ou entravar sua lucidez, fazê-lo ver coisas justas ou falsas, o que depende também do objetivo que se propõe, e da utilidade que podem apresentar certas revelações. Aqui, como em todos os outros  gêneros  de  mediunidade,  as  questões  fúteis  e  de  curiosidade,  as  intenções  não sérias, os objetivos cúpidos e interesseiros, atraem os Espíritos levianos que se divertem às custas das pessoas muito crédulas e se comprazem em mistificá-las. Os Espíritos sérios não intervém senão nas coisas sérias, e os videntes melhores dotados podem nada ver se não lhes é permitido responder ao que se lhes pergunta, ou ser perturbado por visões ilusórias para punir os curiosos indiscretos. Se bem que possua em si próprio sua faculdade, e por transcendente que ela seja, não lhe é sempre livre usá-la à sua vontade. Freqüentemente, os Espíritos lhe dirigem o emprego, e se dela abusa, nisso é o primeiro punido pela intromissão dos maus Espíritos.

Para conhecê-lo, Deus não deu ao homem nenhum meio certo; é, pois, em vão que este último emprega para esse efeito a multidão dos processos inventados pela superstição, e que o charlatanismo explora em seu proveito. Se entre os ledores de boa sorte, profissionais ou não, se encontrem às vezes os que sejam dotados da visão espiritual, que se notar que vêem bem mais freqüentemente no passado e no presente do que no futuro; é porque haveria imprudência em se fiar, de modo absoluto, em suas predições, e em conseqüência regular sua conduta. 

REVISTA ESPÍRITA