As pessoas dotadas da visão espiritual podem ser consideradas como médiuns?
Sim e não, segundo as circunstâncias. A mediunidade consiste na intervenção dos Espíritos; o que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico. Aquele que possui a visão espiritual vê por seu próprio Espírito, e nada implica a necessidade do concurso de um Espírito estranho; não é médium porque vê, mas pelo fato de suas relações com outros Espíritos. Segundo sua natureza boa ou má os Espíritos que o assistem podem facilitar ou entravar sua lucidez, fazê-lo ver coisas justas ou falsas, o que depende também do objetivo que se propõe, e da utilidade que podem apresentar certas revelações. Aqui, como em todos os outros gêneros de mediunidade, as questões fúteis e de curiosidade, as intenções não sérias, os objetivos cúpidos e interesseiros, atraem os Espíritos levianos que se divertem às custas das pessoas muito crédulas e se comprazem em mistificá-las. Os Espíritos sérios não intervém senão nas coisas sérias, e os videntes melhores dotados podem nada ver se não lhes é permitido responder ao que se lhes pergunta, ou ser perturbado por visões ilusórias para punir os curiosos indiscretos. Se bem que possua em si próprio sua faculdade, e por transcendente que ela seja, não lhe é sempre livre usá-la à sua vontade. Freqüentemente, os Espíritos lhe dirigem o emprego, e se dela abusa, nisso é o primeiro punido pela intromissão dos maus Espíritos.
Para conhecê-lo, Deus não deu ao homem nenhum meio certo; é, pois, em vão que este último emprega para esse efeito a multidão dos processos inventados pela superstição, e que o charlatanismo explora em seu proveito. Se entre os ledores de boa sorte, profissionais ou não, se encontrem às vezes os que sejam dotados da visão espiritual, há que se notar que vêem bem mais freqüentemente no passado e no presente do que no futuro; é porque haveria imprudência em se fiar, de modo absoluto, em suas predições, e em conseqüência regular sua conduta.
REVISTA ESPÍRITA
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