Palestra
do Guia do Pathwork – Nº. 133
30 de abril de 1965.
Saudações, meus queridos amigos! Bênçãos para todos
aqueles que estão aqui agora e aos que lêem estas palavras! Tem-se verificado,
através deste trabalho de auto-realização, que a irrealidade nutre a desarmonia
e, onde existe desarmonia, não há amor. O círculo fecha. Onde não há amor não
pode haver realização plena.
Todas as religiões, filosofias e psicologias concordam
que o amor é a chave para a realização plena, para a segurança, para o
crescimento criativo. E, contudo, o amor não pode ser comandado, nem pode ser
ele um mandamento.
Quanto mais as pessoas tentam amar como se isto
fosse um dever exigido pela razão e pela obediência, menos ele,
verdadeiramente, se manifesta. Ele é um movimento livre e espontâneo da alma.
Onde existe o amor, deve haver realização plena.
Falta de realização é um sinal seguro de que a alma ainda não aprendeu a amar.
Apesar destas palavras poderem ser compreendidas num sentido geral, esta
simples equação, geralmente, não é levada em consideração.
Vamos olhar mais profundamente para o tópico do
amor agora. Desta maneira, podemos dar um passo e aproximarmo-nos a fim de
obter a maior de todas as chaves para a verdadeira vida – não seguindo os
comandos forçados, artificiais e super-impostos do intelecto, mas a atividade
interna espontânea do coração.
Quando o amor existe, a saúde física, um dos
requisitos mais vitais na vida humana, deve, também, estar presente. O amor é
uma força purificadora e, no momento em que ele falta, todo os tipos de ações
negativas causarão doenças, especialmente quando o problema permanece não
reconhecido durante um tempo suficientemente longo.
Quando o amor existe, os relacionamentos humanos
são bem sucedidos porque na presença do amor não há medo, nem desconfiança, nem
ilusão. O amor pode florescer apenas no solo substancial da realidade e da
confiança.
Onde o indivíduo percebe a verdade ele não confia
nem desconfia, ele aceita a outra pessoa e ajusta os seus próprios sentimentos
para aquilo que é a realidade. Então não há necessidade de andar às apalpadelas
no escuro, amedrontadamente, meio confiante, meio desconfiado, atirado entre a
necessidade e o medo.
O amor e auto-confiança são, inevitavelmente,
interdependentes. Onde falta o amor, a psique fica confusa e, vice-versa, onde
existe confusão, deve estar faltando amor.
Quando o amor existe, todo conflito é eliminado. A
personalidade descobre a tênue fronteira entre os extremos aparentes, entre a
versão saudável e a distorcida versão de uma atitude ou uma expressão de
sentimentos e valores.
Um exemplo disto é uma colocação saudável sem que
seja acompanhada por uma agressividade ou hostilidade. Tampouco existirão
conflitos relacionados à questão da submissão e dominação através da vontade
própria.
Vocês saberão quando colocar os seus direitos sem
hostilidade diante das exigências injustificadas onde a submissão poderá ser
destrutiva para todos os envolvidos. Tampouco vocês serão conduzidos para o
oposto, da submissão a tão chamada rebeldia teimosa, pois o ato de ceder se
parece, em aparência a entrega humilhante e submissa.
Apenas através do amor é que o simples equilíbrio
dos extremos opostos pode ser alcançado.
Este equilíbrio sutil vem, automaticamente, através
da habilidade que o coração tem de amar. Mas, quando a simples compreensão
intelectual tenta encontrar a galinha dos ovos de ouro, tudo é perdido, não
importa quão arduamente se procure.
Ainda assim, esta universal chave do amor é tão
difícil de ser usada pela humanidade! Os seres humanos têm vergonha e medo de
simplesmente se permitirem amar. Amar parece um risco, tão perigoso, tão
ameaçador, tão irrevogável. Nada poderia estar tão longe da verdade.
Mas vocês constroem defesas elaboradas e fogem. Não
só fogem do envolvimento e do contato com outros ou de encarar as faltas e
atitudes destrutivas dentro de si mesmos mas, primariamente, fogem de se
permitir amar. Esta proibição causa todas as doenças.
A proibição contra o amor vem de dois enganos
básicos. O primeiro é a má interpretação da realidade. Em outras palavras, a
ilusão. A ilusão produz confusão junto com uma série de emoções negativas tais
como medo, hostilidade, separatividade, auto-piedade, ambigüidade e vingança.
Estas emoções tornam o amor impossível. É
incompreensível ter medo do amor desde que seus conceitos e percepções internas
e sistema de valores estejam harmonizados com a realidade.
O segundo engano é a subestimação do self e os
conseqüentes sentimentos de inferioridade. Isto pode soar quase paradoxal.
Visto superficialmente, certamente parece possível sentir-se inferior sem que
isto impeça a sua habilidade de amar.
Contudo, meus amigos, não é bem assim, pois, no
momento em que você se subestima, não consegue ver a outra pessoa como algo
real. Como resultado dos seus sentimentos de fraqueza e inadequação, as outras
pessoas assumem um papel de gigante contra o que vocês se defendem rejeitando,
ressentindo-se ou desprezando-os.
Mesmo quando este último acontece, não lhes é
possível perceber a vulnerabilidade ou as necessidades humanas de outra pessoa.
Sua fraqueza e força tornam-se descoloridas e distorcidas.
Ambas representam elementos hostis para você,
pessoalmente.
Conseqüentemente, a sua subestima lhes força a um
papel hostil não importando o quanto isto está camuflado pela submissão
exterior a qual, por si, pode até parecer amabilidade ou gentileza.
Quando se tem uma visão tão inferior de si, não é
possível avaliar a importância das suas ações e reações.
As duas tendências interrelacionadas de
auto-subestima e má interpretação da realidade criam as barreiras para amar e
aparece como perigoso. Estas duas tendências tornam o coração humano muito
tímido e reticente.
Ao tornar-se excessivamente precavido com relação
ao amor, o indivíduo torna-se ausente e isolado. Alguns indivíduos encontram-se
divididos; parte de si deseja amar, a outra metade não.
Mas isto apenas nega, ao invés de afirmar o amor.
Ele cria todo tipo de condições e impedimentos; existem sempre muitos
"se" e "mas".
A falta de amor, que vem a partir da ilusão e da
confusão, distorce a percepção e evita a autoavaliação. A partir destes
resultados, uma interação perturbada e a desarmonia aparecem. As emoções conturbadas
e as percepções distorcidas formam um núcleo, quase como um corpo estranho na
alma.
O ser espiritual, da maneira como foi originalmente
criado desconhece estes distúrbios. Sua natureza é o amor, um estado desprovido
de medo e imerso em abundância em um estado do positivo, de produtividade e
expansão, de crescimento significativo, ambos dentro e com o universo.
Seu estado natural é a sabedoria que vem da exata
percepção da realidade. E o núcleo de percepções distorcidas, este corpo
estranho, que proíbe a alma de estar no seu estado natural – o estado em que
ele nasceu e cujo objetivo é expressá-lo.
Os seres humanos esforçam-se e lutam contra este
corpo estranho de maneira errada.
Percebem a sua existência e querem livrar-se dele
mas a forma escolhida para tentar isto é, com freqüência, tragicamente oposta
àquilo que os levaria a sua eliminação total . As pessoas tentam negando e
disfarçando, empurrando para longe e super impondo, como todos vocês já sabem.
Mas, muitos de vocês, mesmo ao escutar estas
palavras tantas vezes, ainda não abriram a porta para a verdade que os
libertará. Alguns que seguem este caminho não vêem que eles esforçam-se para
não reconhecer este corpo estranho.
Freqüentemente se encontram num estágio
intermediário entre desistir da couraça que até então encobriu o corpo estranho
e não ser capaz o suficiente de reunir a coragem para reconhecer o pleno
significado que a sua existência define.
O fato, deste corpo estranho ser negado, causa
ainda mais sofrimento do que admitir a sua existência. As pessoas sentem que
têm que negá-lo porque desconhecem a aplicação dos ensinamentos da verdade e do
amor.
Os indivíduos ainda agem como se este corpo
estranho não existisse, ao invés de tentar livrar-se dele o que pode, apenas,
ser feito após um minucioso exame que revela a sua natureza e a razão de sua
existência. Continuam a super impor mais material estranho sobre a substância
original da alma.
Por que é tão difícil para as pessoas reconhecerem
esse corpo estranho? Não só por causa do medo de que as outras pessoas
descubram suas falhas e os rejeite, mas também, por causa do medo básico de que
o corpo estranho possa ser a sua realidade última.
Neste ponto sentem que, apenas a máscara super
imposta que cobre o corpo estranho pode confirmar a verdade que existe amor,
generosidade, altruísmo e gentileza. Apenas essa fina camada lhes assegura que
vocês são quase tão bons quanto querem ser, que são pessoas decentes.
Tal percepção da sua bondade, não lhes dará um
senso de realidade porque não foi verdadeiramente descoberto aquilo que é
genuinamente bom e amoroso dentro de si. Mas vocês não ousam reconhecer o
oposto desta aparente bondade, assim esforçam-se para não admitir aquilo que é
estranho à sua natureza real.
Contudo isto é inconsciente. Vocês pensam, temem e
suspeitam que a substância estranha é o seu centro último, sua essência. É por
isso que fazem tal esforço. Os seres humanos não podem chegar aquela parte
vital de si mesmos, aquele ser interior, que responde não a partir de um "deveria",
mas com uma resposta natural e inquestionada "Eu quero".
Quando este último acontece, a resposta é livre,
com tal certeza e retidão que, antes que o indivíduo tenha experimentado o
centro vivo interior, não é possível se conceber este estado.
A substância estranha encobre essa experiência do
eu real, o centro vivo onde uma inteligência e preenchimento espontâneos,
amorosos e sem conflito lhes espera.
Para resumir, vocês temem em dar o passo vital, tão
necessário, para libertar-se da substância que não é compatível com a sua
natureza real, porque antecipam que este corpo estranho seja a resposta final
àquilo que vocês são. Muitos já avançaram em certas áreas e foram bem sucedidos
na tarefa de retirar as camadas super impostas da pseudo-bondade e pseudo-amor.
Contudo, ainda não conseguiram de todo ver que
estas pretensões são pretensões, pois temem que sob a pretensão não haja nada
além do oposto do amor e que não exista realidade alguma além disto.
Assim, não é possível experimentar a verdade do seu
genuíno amor, da sua verdadeira natureza generosa, a menos que corra o aparente
risco de explorar a si mesmo para descobrir se a substância estranha que lhes
causa tanto sofrimento é realmente a verdade última em vocês ou se poderão,
realmente, encontrar a terra prometida por baixo daquela camada.
Apenas ao reconhecer o seu egoísmo é que,
verdadeiramente, se convencerão do seu potencial altruísta. Isto requer
coragem, aquela que chega quando buscamos no espírito do amor a verdade, com a
intenção de encontrar a si mesmos, assim como vocês são.
Ao fazer a revisão diária, examinem as suas reações
de desarmonia e meditem sobre a seguinte afirmação: "Se eu estou em
desarmonia, em algum lugar dentro de mim deve haver uma má interpretação. Eu
quero ver a verdade. Eu declaro que meu desejo para estar na verdade é mais
forte que a minha resistência".
Tal meditação, meus amigos, lhes dará os resultados
que vocês desejam.
Chegarão ao ponto onde claramente será sentido o
corpo estranho das más concepções.
Muitas das suas vitórias sobre as resistências são
uma prova viva daquilo que existe dentro do centro vital e vivo e que poderá,
então, ser percebido por estar menos obstruído.
A partir da região do seu plexo solar flui nova
sabedoria, força, serenidade e vitalidade dinâmica. Uma unidade com toda a
Criação, uma segurança, uma compreensão de si e dos demais, uma facilidade em
permitir que os movimentos da alma fluam adiante no belo ritmo do cosmos,
permeando a sua alma.
Inicialmente isto será experimentado ocasional e
vagamente e, ao passar, vocês questionarão a verdade daqueles poucos momentos
de plenitude. Mais tarde eles chegarão mais freqüentemente e durarão mais, de
acordo com as suas vitórias sobre as suas resistências.
Vocês sentirão que a substância perturbadora é,
verdadeiramente, matéria estranha. No começo de tal caminho este corpo estranho
parece ser tudo o que há, o seu estado natural e original.
Estão tão profundamente envolvidos nisto que não
podem conceber mais nada.
Mas aí surgem momentos em que, ao experimentar o eu
real cada vez mais, o núcleo de distúrbios ainda existente é claramente
definido como um material maligno, ao invés de um estado ou clima difuso que
lhes permeia completamente. Este estágio é significativo e indica bom
progresso.
O esforço para evitar o confronto com este núcleo
de matéria estranha, com todas as suas distorções, emoções negativas, dores,
feridas e hostilidades, toma muitas formas mesmo quando já se está
verdadeiramente no caminho.
Para contra-agir ao perigo da contínua fuga e,
conseqüentemente, do contínuo sofrimento, a afirmação da seguinte sentença será
de grande ajuda:
"Eu tenho medo de que, aquilo que lá for
encontrado seja o meu eu último. É ou não é? Eu me darei a chance de descobrir,
pois apenas tal clareza me dará paz. Minha dúvida permite a possibilidade de
que possa haver mais em mim do que a pretensão - aquela parte que é tão difícil
de olhar e a qual eu tento ignorar e projetar de muitas maneiras."
Isto significa reconhecer o seu presente estado ao
invés de correr dele. Através desta abordagem de si mesmo, será possível
aproximar-se da próxima fase e da liberação ao invés de tentar livrar-se do seu
presente estado pela negação e super imposição de sentimentos que não podem,
jamais, ser forçados.
O próximo passo gradualmente os levará a um estágio
onde será possível perceber os limites deste corpo estranho, mesmo que,
ocasionalmente, submerjam nele. Agora saberão que esta não é a realidade última
em vocês porque terão experimentado com suficiente freqüência a realidade do seu
eu interior real.
Daí será mais fácil recapturar a sua vontade
própria real e haverá mais força e energia para transcender a imersão
momentânea nas suas distorções que os faz tão confusos que distorce a sua
visão.
Esta força é aumentada apenas através de vitórias
repetidas sobre a tentação de fugir da substância estranha, de mudar e
dissimular seus efeitos sobre os outros, de racionalizar e concentrar-se sobre
aquilo que não é o mais vital para a sua vitória, seja ele verdadeiro ou falso
em si mesmo.
Este reconhecimento do agora imediato não está
ainda suficientemente compreendido e muitos dos meus amigos ainda passam por
ele ao largo. Sempre que se reconhece a verdade de cada momento, haverá paz, a
despeito de quanto distúrbio e irrealidade ainda existam em vocês como
condições a serem gradualmente eliminadas. O pleno reconhecimento da sua
condição no agora deverá lhes dar paz.
Assim, por favor, compreendam e não se esqueçam:
não é o problema por si só, nem o conflito, nem mesmo a má-concepção que cria o
tumulto na sua alma, mas a tentativa de escapar de si mesmo. O fato de não
estar no imediato agora, a sua luta e esforço contra isto de maneira
destrutiva, causa-lhes sofrimento no nível da alma.
Se vocês lembrarem destas palavras, serão capazes
de desistir do esforço de modo crescente e construtivo, bem sucedido e efetivo.
Estarão mais próximos de amar porque a realidade e o amor estarão mais
interconectados que o comando imposto de tentar amar e ter a atitude correta.
Meus queridos amigos, sejam abençoados, todos
vocês! Encontrem o caminho, passo a passo, na realização destas palavras!
Estejam
em Paz, estejam em Deus!
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