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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O AMOR, NÃO COMO UM COMANDO, MAS COMO MOVIMENTO ESPONTÂNEO DA ALMA DO EU INTERIOR

Palestra do Guia do Pathwork – Nº. 133
30 de abril de 1965.


Saudações, meus queridos amigos! Bênçãos para todos aqueles que estão aqui agora e aos que lêem estas palavras! Tem-se verificado, através deste trabalho de auto-realização, que a irrealidade nutre a desarmonia e, onde existe desarmonia, não há amor. O círculo fecha. Onde não há amor não pode haver realização plena.

Todas as religiões, filosofias e psicologias concordam que o amor é a chave para a realização plena, para a segurança, para o crescimento criativo. E, contudo, o amor não pode ser comandado, nem pode ser ele um mandamento.

Quanto mais as pessoas tentam amar como se isto fosse um dever exigido pela razão e pela obediência, menos ele, verdadeiramente, se manifesta. Ele é um movimento livre e espontâneo da alma.

Onde existe o amor, deve haver realização plena. Falta de realização é um sinal seguro de que a alma ainda não aprendeu a amar. Apesar destas palavras poderem ser compreendidas num sentido geral, esta simples equação, geralmente, não é levada em consideração.

Vamos olhar mais profundamente para o tópico do amor agora. Desta maneira, podemos dar um passo e aproximarmo-nos a fim de obter a maior de todas as chaves para a verdadeira vida – não seguindo os comandos forçados, artificiais e super-impostos do intelecto, mas a atividade interna espontânea do coração.

Quando o amor existe, a saúde física, um dos requisitos mais vitais na vida humana, deve, também, estar presente. O amor é uma força purificadora e, no momento em que ele falta, todo os tipos de ações negativas causarão doenças, especialmente quando o problema permanece não reconhecido durante um tempo suficientemente longo.

Quando o amor existe, os relacionamentos humanos são bem sucedidos porque na presença do amor não há medo, nem desconfiança, nem ilusão. O amor pode florescer apenas no solo substancial da realidade e da confiança.

Onde o indivíduo percebe a verdade ele não confia nem desconfia, ele aceita a outra pessoa e ajusta os seus próprios sentimentos para aquilo que é a realidade. Então não há necessidade de andar às apalpadelas no escuro, amedrontadamente, meio confiante, meio desconfiado, atirado entre a necessidade e o medo.

O amor e auto-confiança são, inevitavelmente, interdependentes. Onde falta o amor, a psique fica confusa e, vice-versa, onde existe confusão, deve estar faltando amor.

Quando o amor existe, todo conflito é eliminado. A personalidade descobre a tênue fronteira entre os extremos aparentes, entre a versão saudável e a distorcida versão de uma atitude ou uma expressão de sentimentos e valores.

Um exemplo disto é uma colocação saudável sem que seja acompanhada por uma agressividade ou hostilidade. Tampouco existirão conflitos relacionados à questão da submissão e dominação através da vontade própria.

Vocês saberão quando colocar os seus direitos sem hostilidade diante das exigências injustificadas onde a submissão poderá ser destrutiva para todos os envolvidos. Tampouco vocês serão conduzidos para o oposto, da submissão a tão chamada rebeldia teimosa, pois o ato de ceder se parece, em aparência a entrega humilhante e submissa.

Apenas através do amor é que o simples equilíbrio dos extremos opostos pode ser alcançado.

Este equilíbrio sutil vem, automaticamente, através da habilidade que o coração tem de amar. Mas, quando a simples compreensão intelectual tenta encontrar a galinha dos ovos de ouro, tudo é perdido, não importa quão arduamente se procure.

Ainda assim, esta universal chave do amor é tão difícil de ser usada pela humanidade! Os seres humanos têm vergonha e medo de simplesmente se permitirem amar. Amar parece um risco, tão perigoso, tão ameaçador, tão irrevogável. Nada poderia estar tão longe da verdade.

Mas vocês constroem defesas elaboradas e fogem. Não só fogem do envolvimento e do contato com outros ou de encarar as faltas e atitudes destrutivas dentro de si mesmos mas, primariamente, fogem de se permitir amar. Esta proibição causa todas as doenças.

A proibição contra o amor vem de dois enganos básicos. O primeiro é a má interpretação da realidade. Em outras palavras, a ilusão. A ilusão produz confusão junto com uma série de emoções negativas tais como medo, hostilidade, separatividade, auto-piedade, ambigüidade e vingança.

Estas emoções tornam o amor impossível. É incompreensível ter medo do amor desde que seus conceitos e percepções internas e sistema de valores estejam harmonizados com a realidade.

O segundo engano é a subestimação do self e os conseqüentes sentimentos de inferioridade. Isto pode soar quase paradoxal. Visto superficialmente, certamente parece possível sentir-se inferior sem que isto impeça a sua habilidade de amar.

Contudo, meus amigos, não é bem assim, pois, no momento em que você se subestima, não consegue ver a outra pessoa como algo real. Como resultado dos seus sentimentos de fraqueza e inadequação, as outras pessoas assumem um papel de gigante contra o que vocês se defendem rejeitando, ressentindo-se ou desprezando-os.

Mesmo quando este último acontece, não lhes é possível perceber a vulnerabilidade ou as necessidades humanas de outra pessoa. Sua fraqueza e força tornam-se descoloridas e distorcidas.

Ambas representam elementos hostis para você, pessoalmente.

Conseqüentemente, a sua subestima lhes força a um papel hostil não importando o quanto isto está camuflado pela submissão exterior a qual, por si, pode até parecer amabilidade ou gentileza.

Quando se tem uma visão tão inferior de si, não é possível avaliar a importância das suas ações e reações.

As duas tendências interrelacionadas de auto-subestima e má interpretação da realidade criam as barreiras para amar e aparece como perigoso. Estas duas tendências tornam o coração humano muito tímido e reticente.

Ao tornar-se excessivamente precavido com relação ao amor, o indivíduo torna-se ausente e isolado. Alguns indivíduos encontram-se divididos; parte de si deseja amar, a outra metade não.

Mas isto apenas nega, ao invés de afirmar o amor. Ele cria todo tipo de condições e impedimentos; existem sempre muitos "se" e "mas".

A falta de amor, que vem a partir da ilusão e da confusão, distorce a percepção e evita a autoavaliação. A partir destes resultados, uma interação perturbada e a desarmonia aparecem. As emoções conturbadas e as percepções distorcidas formam um núcleo, quase como um corpo estranho na alma.

O ser espiritual, da maneira como foi originalmente criado desconhece estes distúrbios. Sua natureza é o amor, um estado desprovido de medo e imerso em abundância em um estado do positivo, de produtividade e expansão, de crescimento significativo, ambos dentro e com o universo.

Seu estado natural é a sabedoria que vem da exata percepção da realidade. E o núcleo de percepções distorcidas, este corpo estranho, que proíbe a alma de estar no seu estado natural – o estado em que ele nasceu e cujo objetivo é expressá-lo.

Os seres humanos esforçam-se e lutam contra este corpo estranho de maneira errada.

Percebem a sua existência e querem livrar-se dele mas a forma escolhida para tentar isto é, com freqüência, tragicamente oposta àquilo que os levaria a sua eliminação total . As pessoas tentam negando e disfarçando, empurrando para longe e super impondo, como todos vocês já sabem.

Mas, muitos de vocês, mesmo ao escutar estas palavras tantas vezes, ainda não abriram a porta para a verdade que os libertará. Alguns que seguem este caminho não vêem que eles esforçam-se para não reconhecer este corpo estranho.

Freqüentemente se encontram num estágio intermediário entre desistir da couraça que até então encobriu o corpo estranho e não ser capaz o suficiente de reunir a coragem para reconhecer o pleno significado que a sua existência define.

O fato, deste corpo estranho ser negado, causa ainda mais sofrimento do que admitir a sua existência. As pessoas sentem que têm que negá-lo porque desconhecem a aplicação dos ensinamentos da verdade e do amor.

Os indivíduos ainda agem como se este corpo estranho não existisse, ao invés de tentar livrar-se dele o que pode, apenas, ser feito após um minucioso exame que revela a sua natureza e a razão de sua existência. Continuam a super impor mais material estranho sobre a substância original da alma.

Por que é tão difícil para as pessoas reconhecerem esse corpo estranho? Não só por causa do medo de que as outras pessoas descubram suas falhas e os rejeite, mas também, por causa do medo básico de que o corpo estranho possa ser a sua realidade última.

Neste ponto sentem que, apenas a máscara super imposta que cobre o corpo estranho pode confirmar a verdade que existe amor, generosidade, altruísmo e gentileza. Apenas essa fina camada lhes assegura que vocês são quase tão bons quanto querem ser, que são pessoas decentes.

Tal percepção da sua bondade, não lhes dará um senso de realidade porque não foi verdadeiramente descoberto aquilo que é genuinamente bom e amoroso dentro de si. Mas vocês não ousam reconhecer o oposto desta aparente bondade, assim esforçam-se para não admitir aquilo que é estranho à sua natureza real.

Contudo isto é inconsciente. Vocês pensam, temem e suspeitam que a substância estranha é o seu centro último, sua essência. É por isso que fazem tal esforço. Os seres humanos não podem chegar aquela parte vital de si mesmos, aquele ser interior, que responde não a partir de um "deveria", mas com uma resposta natural e inquestionada "Eu quero".

Quando este último acontece, a resposta é livre, com tal certeza e retidão que, antes que o indivíduo tenha experimentado o centro vivo interior, não é possível se conceber este estado.

A substância estranha encobre essa experiência do eu real, o centro vivo onde uma inteligência e preenchimento espontâneos, amorosos e sem conflito lhes espera.

Para resumir, vocês temem em dar o passo vital, tão necessário, para libertar-se da substância que não é compatível com a sua natureza real, porque antecipam que este corpo estranho seja a resposta final àquilo que vocês são. Muitos já avançaram em certas áreas e foram bem sucedidos na tarefa de retirar as camadas super impostas da pseudo-bondade e pseudo-amor.

Contudo, ainda não conseguiram de todo ver que estas pretensões são pretensões, pois temem que sob a pretensão não haja nada além do oposto do amor e que não exista realidade alguma além disto.

Assim, não é possível experimentar a verdade do seu genuíno amor, da sua verdadeira natureza generosa, a menos que corra o aparente risco de explorar a si mesmo para descobrir se a substância estranha que lhes causa tanto sofrimento é realmente a verdade última em vocês ou se poderão, realmente, encontrar a terra prometida por baixo daquela camada.

Apenas ao reconhecer o seu egoísmo é que, verdadeiramente, se convencerão do seu potencial altruísta. Isto requer coragem, aquela que chega quando buscamos no espírito do amor a verdade, com a intenção de encontrar a si mesmos, assim como vocês são.

Ao fazer a revisão diária, examinem as suas reações de desarmonia e meditem sobre a seguinte afirmação: "Se eu estou em desarmonia, em algum lugar dentro de mim deve haver uma má interpretação. Eu quero ver a verdade. Eu declaro que meu desejo para estar na verdade é mais forte que a minha resistência".

Tal meditação, meus amigos, lhes dará os resultados que vocês desejam.

Chegarão ao ponto onde claramente será sentido o corpo estranho das más concepções.

Muitas das suas vitórias sobre as resistências são uma prova viva daquilo que existe dentro do centro vital e vivo e que poderá, então, ser percebido por estar menos obstruído.

A partir da região do seu plexo solar flui nova sabedoria, força, serenidade e vitalidade dinâmica. Uma unidade com toda a Criação, uma segurança, uma compreensão de si e dos demais, uma facilidade em permitir que os movimentos da alma fluam adiante no belo ritmo do cosmos, permeando a sua alma.

Inicialmente isto será experimentado ocasional e vagamente e, ao passar, vocês questionarão a verdade daqueles poucos momentos de plenitude. Mais tarde eles chegarão mais freqüentemente e durarão mais, de acordo com as suas vitórias sobre as suas resistências.

Vocês sentirão que a substância perturbadora é, verdadeiramente, matéria estranha. No começo de tal caminho este corpo estranho parece ser tudo o que há, o seu estado natural e original.

Estão tão profundamente envolvidos nisto que não podem conceber mais nada.

Mas aí surgem momentos em que, ao experimentar o eu real cada vez mais, o núcleo de distúrbios ainda existente é claramente definido como um material maligno, ao invés de um estado ou clima difuso que lhes permeia completamente. Este estágio é significativo e indica bom progresso.

O esforço para evitar o confronto com este núcleo de matéria estranha, com todas as suas distorções, emoções negativas, dores, feridas e hostilidades, toma muitas formas mesmo quando já se está verdadeiramente no caminho.

Para contra-agir ao perigo da contínua fuga e, conseqüentemente, do contínuo sofrimento, a afirmação da seguinte sentença será de grande ajuda:

"Eu tenho medo de que, aquilo que lá for encontrado seja o meu eu último. É ou não é? Eu me darei a chance de descobrir, pois apenas tal clareza me dará paz. Minha dúvida permite a possibilidade de que possa haver mais em mim do que a pretensão - aquela parte que é tão difícil de olhar e a qual eu tento ignorar e projetar de muitas maneiras."

Isto significa reconhecer o seu presente estado ao invés de correr dele. Através desta abordagem de si mesmo, será possível aproximar-se da próxima fase e da liberação ao invés de tentar livrar-se do seu presente estado pela negação e super imposição de sentimentos que não podem, jamais, ser forçados.

O próximo passo gradualmente os levará a um estágio onde será possível perceber os limites deste corpo estranho, mesmo que, ocasionalmente, submerjam nele. Agora saberão que esta não é a realidade última em vocês porque terão experimentado com suficiente freqüência a realidade do seu eu interior real.

Daí será mais fácil recapturar a sua vontade própria real e haverá mais força e energia para transcender a imersão momentânea nas suas distorções que os faz tão confusos que distorce a sua visão.

Esta força é aumentada apenas através de vitórias repetidas sobre a tentação de fugir da substância estranha, de mudar e dissimular seus efeitos sobre os outros, de racionalizar e concentrar-se sobre aquilo que não é o mais vital para a sua vitória, seja ele verdadeiro ou falso em si mesmo.

Este reconhecimento do agora imediato não está ainda suficientemente compreendido e muitos dos meus amigos ainda passam por ele ao largo. Sempre que se reconhece a verdade de cada momento, haverá paz, a despeito de quanto distúrbio e irrealidade ainda existam em vocês como condições a serem gradualmente eliminadas. O pleno reconhecimento da sua condição no agora deverá lhes dar paz.

Assim, por favor, compreendam e não se esqueçam: não é o problema por si só, nem o conflito, nem mesmo a má-concepção que cria o tumulto na sua alma, mas a tentativa de escapar de si mesmo. O fato de não estar no imediato agora, a sua luta e esforço contra isto de maneira destrutiva, causa-lhes sofrimento no nível da alma.

Se vocês lembrarem destas palavras, serão capazes de desistir do esforço de modo crescente e construtivo, bem sucedido e efetivo. Estarão mais próximos de amar porque a realidade e o amor estarão mais interconectados que o comando imposto de tentar amar e ter a atitude correta.

Meus queridos amigos, sejam abençoados, todos vocês! Encontrem o caminho, passo a passo, na realização destas palavras!


Estejam em Paz, estejam em Deus!

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