Imagina só: você planeja algo por um bom tempo, se prepara para aquilo, sonha acordada com todos os detalhes. De repente, da maneira mais inesperada possível, aquilo parece estar acontecendo, estar dando certo. Você se anima. “Finalmente!”, você pensa, “Deus respondeu minha oração”.
Entretanto, pouco a pouco você percebe que a paz que deveria acompanhar aquela decisão não chega. E por mais que você queira que aquele sonho se concretize, seu coração está cheio de dúvidas e seu diário espiritual lotado de páginas de orações pedindo paz e conforto.
“Não era para ser assim”, você pensa. Mas, você continua. Você força. Você se esforça. Parece tão correto, tão adequado, traria tanta glória ao Senhor! Por que então isso insiste em não se concretizar?
De repente, em meio ao turbilhão de vozes na sua cabeça, você ouve um sonoro e ressonante “não”. A voz do Senhor. Aquele “não” que você insistiu por meses em fingir não escutar agora ressoa tão alto quanto um trovão em meio à tempestade que está seu coração e você não consegue mais ignorar.
Mas, aí algo surpreendente acontece: PAZ. Paz como você não sentiu durante muito tempo. Ela te invade e você vai dormir com um sorriso no rosto porque finalmente deixou a vontade dEle ser maior que a sua.
Irmãs, pensem consigo mesmas: quantas vezes essa situação se repetiu em sua vida? Talvez ela não tenha acontecido exatamente da mesma forma, talvez você não chegou a abrir mão do seu sonho, não chegou à obedecer o “não” ressoando em sua cabeça. Talvez você esteja agora mesmo lutando contra a vontade de Deus, dando “murros em ponta de facas”. Tentando empurrar seu sonho ladeira acima quando Deus está mandando você abrir mão. Isso é cansativo, é exaustivo. Você pensa “mas, não tem nada de errado nisso que eu sonho! Faria tão bem para mim! Seria bom para muita gente!”. Mas, se Deus disse “não”, não seria bom, seria desastroso.
Nós cremos em um Deus de amor. Um Deus que tanto nos ama, que prova nossa fé, nos passa pelo dolorido fogo para que saiamos mais parecidos com Ele. Confesso a vocês que, durante minha passagem pelo fogo, nessa situação que relatei no começo do texto, eu quase duvidei desse amor divino. Eu pensava “porque o Deus de milagres, que me amou com amor eterno, não faz um milagre e permite que meu sonho se realize?”. Eu olhava para um cartaz que tenho na parede da minha cozinha no qual escrevi Jeremias 31.1 (“Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.”). Eu olhava para aquilo e achava difícil acreditar.
Mas, Deus, em sua bondade imerecida por mim, me fez lembrar daquele momento da história de Abraão:
E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. [Gênesis 22.1-2]
A Bíblia não relata, mas eu posso imaginar o que se passou pela cabeça de Abraão. O mesmo Deus que havia lhe prometido um filho, agora lhe pedia que o sacrificasse. Por quê? Eu sei que Abraão era um servo milhões de vezes mais fiel e maduro na fé do que eu sou, mas eu creio que, mesmo em meio à fé, ele sofreu. Foram três dias até chegarem ao lugar onde o sacrifício deveria ser feito. Três longos dias pensando, repensando, sofrendo.
A Palavra diz que Deus PROVOU a Abraão. E ele foi aprovado. Ele levou até às últimas consequências o mandado do seu Deus.
E Deus o recompensou:
E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;Mas o anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada;porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. [Gênesis 22.10-13]
Sabe irmãs, a verdade é que no fundo, meu coração quer crer que, por causa de minha obediência em sacrificar o sonho que tinha por causa da vontade de Deus, Ele fará como fez a Abraão, e proverá uma saída.
Mas, pode ser que Ele não queira isso. Pode ser que eu tenha desistido desse sonho agora e que isso seja para sempre. Porque esse sonho não faz parte dos planos dEle para mim. E isso é dolorido, não vou mentir.
Mas, quando olho para a Bíblia – que não descreve mentiras, mas histórias reais – e vejo histórias como a de Abraão, e de José (que ficou anos preso, sem entender o porquê), eu vejo que no final há algo em comum: restauração e paz. Pode ser que eu não receba a realização desse sonho no futuro. Mas de uma coisa tenho certeza: a paz que inunda meu ser é eterna, e não me deixa vacilar. Ele é a minha paz. Ele é, como eu já disse em outros textos, suficiente.
Se Abraão não negou seu próprio filho ao Senhor como eu ousaria negar esse meu sonho?
Creio que Ele tem planos para mim maiores do que eu jamais poderia pensar. E Ele me provou, me passou pelo fogo. Passar pelo fogo dói, mas sair mais parecido com Cristo faz a dor valer a pena.
Irmã, se você tem um ressonante “não” em sua cabeça, mas está com medo de responder a ele, lembre-se da história de Abraão. Ele estava pronto a sacrificar seu próprio filho por amor e obediência ao Senhor. E eu quero amar meu Deus a esse ponto, ao ponto de fazer morrer o próprio eu, meus próprios sonhos, direitos e vontades, de carregar minha cruz, para que Ele seja tudo em mim. Cristo em nós, esperança da glória.
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