E um velho sacerdote disse:
"Fala-nos da Religião."
E ele disse:
"Terei falado hoje sobre algo além disso ?
Não é a religião todas as nossas ações e reflexões,
E aquilo que não é ação nem reflexão, mas sim, maravilha e surpresa
brotando sempre na alma, mesmo quando as mãos talham a pedra e
manejam o tear?
Quem é capaz de separar suas horas dizendo assim: "Uma para Deus e
uma para mim; uma para minha alma, e outra para meu corpo"?
Todas as vossas horas são asas adejando pelo espaço, de um Eu para outro.
Aquele que ostenta sua moral como suas melhores roupas estaria melhor desnudo.
O vento e o sol não abrirão feridas em sua pele.
E aquele que define sua conduta pela ética aprisiona seu pássaro
cantor numa gaiola.
A canção mais livre não atravessa grades e cercas.
E aquele para quem a veneração é uma janela, que pode ser aberta mas
também fechada, ainda não visitou o santuário de sua alma cujas janelas estão
sempre abertas de uma aurora a outra.
Ao entrardes, levai convosco vossa totalidade.
Levai o arado, a forja, o malho e o alaúde,
Aquilo que fizestes por necessidade ou encanto.
Pois em vossos devaneios não podeis elevar-vos acima de vossas
realizações nem cair abaixo de vossos fracassos.
E levai convosco todos os homens:
Pois em vossa adoração não podeis elevar-vos acima de suas esperanças
nem rebaixar-vos além de seu desespero.
E se desejais conhecer a Deus, não vos transformai, portanto, em
decifrador de enigmas.
Olhai em redor e O vereis a brincar com vossos filhos.
E olhai o espaço: vós O vereis a caminhar sobre as nuvens, estendendo
Seus braços em raios e descendo à terra em chuva.
Vós O vereis a sorrir em flores; e Suas mãos, a acenar em árvores."
Kahlil Gibran
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014
E um velho sacerdote disse:"Fala-nos da Religião."
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