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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SOMBRA



“Todo homem tem uma sombra e, quanto menos ela se incorporar à sua vida consciente, mais escura e densa ela será. De todo modo, ela forma uma trava inconsciente que frustra nossas melhores intenções.” C.G.JUNG

A sombra é a parte mais escura e negada da personalidade e está associada aos comportamentos, sentimentos e fantasias proibidos, sendo por isso a parte inferior e indiferenciada da consciência. Portanto, ela é uma unidade complexa dotada de vitalidade autônoma que é fundamentalmente o negativo de cada indivíduo.

Todo ser humano tem um lado sombrio que começa a se desenvolver na infância como consequência da repressão ou da negação de sentimentos indesejáveis. Percebemos a nossa sombra quando sentimos inexplicavelmente rancor, antipatia por alguém, ou quando descobrimos em nós algo inadmissível, ou mesmo quando nos sentimos influenciados pelo ciúme ou vergonha.

Ao longo do processo de individuação desenvolvemos um relacionamento gradual com a sombra, o que aumenta o nosso entendimento do “eu” e nos permite atingir um equilíbrio entre a unilateralidade dos nossos propósitos e modos de proceder conscientes e as nossas profundezas inconscientes.

Jung afirmou que, se mantivermos um relacionamento adequado com o nosso inconsciente, ele nos auxiliará na nossa direção de vida; porém, ele pode tornar-se perigoso quando a atenção consciente que lhe dedicamos for muito errada, ou nenhuma.

Segundo Jung, “Todo indivíduo é acompanhado por uma sombra, e quanto menos ela estiver incorporada à sua vida consciente, tanto mais escura e espessa ela se tornará (…). Se as tendências reprimidas da sombra fossem totalmente más, não haveria qualquer problema. Mas, de um modo geral, a sombra é simplesmente vulgar, primitiva, inadequada e incômoda, e não de uma malignidade absoluta. Ela contém qualidades infantis e primitivas que, de algum modo, poderiam vivificar e embelezar a existência humana; mas o homem se choca contra as regras consagradas pela tradição.” JUNG, Vol. XI, Apud PIERI, P.F., Dicionário Junguiano.

Segundo o dicionário Junguiano, a sombra exprime o lado não aceito da personalidade, assim como se constituiu, ela constitui, por um lado, o conjunto de tendências, características, atitudes e desejos inaceitáveis em relação ao complexo do “eu”; por outro, ela é o conjunto das funções indiferenciadas ou fracamente diferenciadas em relação às funções psíquicas. Daí a expressão “sombra do eu”, que indica especificamente o conjunto de modalidades e possibilidades de existência reconhecidas pelo sujeito como não próprias, seja enquanto negativas ou não-valores em relação a valores já codificados na consciência: considera-se que tais elementos fiquem alienados de si para defender e, ao mesmo tempo, constituir a própria identidade, embora com o risco de parar indefinidamente o devir da pessoa humana.

Neste sentido a experiência da sombra é experiência da definição de si e do limite que, enquanto tal, constitui a atual identidade do sujeito.

Segundo o Dicionário Junguiano (2002); durante o trabalho analítico (análise), é possível divisar diferentes aspectos da sombra, expostos a seguir:

A projeção da sombra – alienação do sujeito em relação aos próprios conteúdos psíquicos negativos, considerados penosos e incompatíveis, e incorporação dos mesmos no “outro”. Tal dinâmica é posta como explicação das antipatias e idiossincrasias que nascem em cada sujeito, ao atribuir ao “outro” aquilo que existe de sombrio na própria personalidade;
A identificação com a sombra – o sujeito assume os próprios conteúdos negativos, razão pela qual adota todas as suas características. A energia psíquica dinamiza apenas os conteúdos negativos, por essa razão é considerada como ainda não elaborada sob forma de autocrítica;
A cisão da sombra – refere-se à vida autônoma, que ocorre dentro da psique, dos conteúdos rejeitados, de qualquer forma, pelo complexo do “eu”, motivo pelo qual eles provocam, por um lado, bruscas mudanças de personalidade, e por outro a alternância de personalidades diferentes;
A diferenciação da sombra – nesta etapa, há a distinção e o desenvolvimento dos conteúdos psíquicos negativos, a fim de que possam entrar verdadeiramente em relação com os seus opostos;
A integração da sombra – é o reconhecimento crítico e a aceitação, não apenas intelectual dos aspectos negativos da própria personalidade. Sendo estes realizados por parte do “eu”, restituem-lhe a energia psíquica, de tipo cognitivo e afetivo, que antes residia isoladamente nos conteúdos psíquicos.

Deepak Chopra no livro “O efeito sombra” p.106 e 107; nos traz otimismo dizendo que: “A força da evolução é infinitamente maior que os obstáculos que impedem o caminho”, ele nos ensina uma maneira de lidarmos com a nossa sombra:

Reconheça sua sombra quando ela trouxer negatividade para sua vida
Abrace e perdoe sua sombra. Transforme um obstáculo indesejado em seu aliado.
Pergunte a si mesmo que condições estão dando origem à sombra: estresse, anonimato, permissão para causar danos, pressão dos colegas, passividade, condições desumanas, uma mentalidade “nós versus eles.”
Compartilhe seus sentimentos com alguém em quem confie: um terapeuta, um amigo de confiança…
Inclua um componente físico: trabalho corporal, liberação de energia, respiração de ioga, cura interativa.
Para mudar o coletivo, mude a si mesmo – projetar e julgar “os outros” como malfeitores só aumenta o poder da sombra.
Pratique a meditação, de modo a experimentar a consciência pura, que está além da sombra.

Cenário que mostra aspectos de “sombra”

Neste cenário vemos vários aspectos de sombra: símbolos de perda, figuras que geram medo, como zumbis, um fantasma, uma aranha, um esqueleto com uma foice na mão, representando a morte, uma árvore morta. No quadrante inferior direito vemos pessoas correndo assustadas, fugindo de todos estes aspectos sombrios; no quadrante superior direito vemos um homem encurralado por zumbis e um fantasma. Entre a árvore seca e os zumbis, na parte superior do cenário, um homem, todo encolhido, sente-se com medo e ameaçado.

Psicologia espiritual

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