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sábado, 4 de outubro de 2014

O QUE É O MITICISMO?

Misticismo é uma filosofia que existe em muitas culturas diferentes e que se reveste de várias formas. Místico é todo aquele que concebe a não-separatividade entre o Universo e os seres. A Essência primordial da vida, ou Consciência Cósmica, ou Deus como costumamos chamar - ao contrário do que se pensa - não está nem nunca esteve separado de qualquer coisa. O místico é aquele que busca ou que já mantém um contato direto com a realidade, sem intermediários. O místico procura a presença do Ser Supremo e Real, ou do inefável e incognoscível em si mesmo, nas profundezas de seu ser, e dessa forma, pode perceber todas as coisas como sendo parte de uma infinita e essencial Unidade de tudo o que existe.Ao contrário de um outro sentido que o termo misticismo tomou, que o compara a tudo o que é irracional, anti-cientifico e supersticioso, isso nada tem a ver com o Misticismo.Antes que confudam essa idéia com Panteísmo, é preciso informar que os místicos jamais acreditaram que Deus se resume a todas as coisas, mas sim que eles, como seres que ja desenvolveram uma percepção divina, conseguem perceber a presença de Deus em tudo. E isso não significa que Deus esteja numa coisa, noutra coisa e ainda noutra coisa e seja o somatório de todas, e esse montante somado tem como resultado Deus. Não se trata disso.Nada do que existe no mundo manifesto está separado de Deus, o que não significa que as coisas que encontramos no mundo manifesto sejam Deus. Elas estão ligadas a Deus, de modo que são espelhos que podem refletir a eternidade e a infinitude da perfeição Divina.Tudo é um espelho o qual pode refletir a perfeição.Os místicos percebem que não estão separados de Deus, assim como meu dedo não está separado de minha mão.Uma caracterização bem aceita da experiência mística é a de William James. Ressaltamos dois aspectos: a experiência mística é inefável, e portanto, incomunicável e é noética e, portanto, dificilmente aumenta o conhecimento teórico do místico. A elas Luis Dupré acrescenta o seu caráter integrador de oposições numa realidade superior.Mística distingue-se da Religião por referir-se à experiência direta, pessoal, da divindade, do transcendente, sem a necessidade de dogmas ou de uma Teologia, ou de qualquer sistema de pensamento.Resumindo isso, podemos pegar o exemplo de Jesus que disse:“Eu e o Pai somos Um.”Jesus não quis dizer que era Deus, mas que sua identidade com Deus havia chegado num estágio tão avançado, que ele já não se via mais separado deste, de modo que ele sentia a presença de Deus em si mesmo.Ou seja, ele refletia a Deus, tal como um espelho reflete o sol.A Experiência Mística“Finalmente, aconteceu. O pensamento se apaga como uma vela soprada. O intelecto se retira para seu devido lugar, ou seja, a consciência trabalha sem ser prejudicada pelos pensamentos. [...] O eu ainda existe, mas é um eu modificado, radiante. Devido a alguma coisa muito superior à pessoa sem importância que eu era, um ser mais profundo e mais divino brota de minha consciência e transforma-se em mim. [...] Sinto que eu mesmo estou além dos limites da consciência do mundo. O planeta que desde tanto tempo e até agora sempre me acolheu, desaparece. Estou no meio de um fulgurante oceano de luz. [...] E então eu sinto, muito mais do que penso. É o material primitivo do qual os mundos são criados, o estado primeiro da matéria que se prolonga através do indescritível espaço infinito, incrivelmente vivo.” (PAUL BRUNTON).“Voltei para a sala, e estava para me dirigir à minha poltrona quando todo o cenário mudou. Um espaço imenso se abriu e o solo deu a impressão de desabar num abismo… Enquanto eu olhava para os lados, para cima e para baixo, o universo inteiro, com a multiplicidade dos objetos dos sentidos, agora parecia bastante diferente: o que antes era asqueroso, junto com a ignorância e as paixões, era agora visto como sendo nada mais que o fluxo de minha própria natureza mais intima, que em si mesma, continuava brilhante, verdadeira e transparente.” (D. T. SUZUKI).Jesus, no evangelho apócrifo de Tomé diz o seguinte:“Eu sou a Luz que está acima de todos eles, Eu sou o Todo, o Todo veio de mim e o Todo chegou a mim. Racha um pedaço de pau, Eu estou ali; ergue a pedra e ali Me encontrarás.”Esta é a definição de misticismo do dicionário Webster’s:“A doutrina ou crença de que uma absorção espiritual direta da verdade ou a união com Deus pode ser obtida pela contemplação ou visão de caminhos inacessíveis ao senso ou à razão.”O misticismo é mais que uma filosofia, mais que uma religião e mais que uma ciência. É uma saber puro e natural, que brotou de uma via direta e experiência, que visa, dentre outras coisas, atingir uma absorção interna e transcendente do ser com o absoluto, ou a realidade.Essa realidade não tem opostos. Ela é livre de pólos. Ela não se encontra apenas fora do Universo, e tampouco se encontra apenas dentro do Universo.A experiência mística ocorre quando o ser se identifica com o absoluto, com o Todo. Quando o ser percebe que a sua própria natureza se confunde com a natureza do Universo, a ponto de emergir uma percepção precisa e inquestionável sobre a presença de todo o Universo nele e dele em todo o Universo.De modo que os místicos de todos os tempos sempre afirmaram que:“Tudo é Um e Um é tudo.”Ou como está expresso no Caibalion:“O Todo está em tudo assim como tudo está no Todo”O Ser seria um microcosmos do macrocosmos.A experiência mística em hipótese alguma se opõem a razão. Muito diferente disto, ela inclui a razão e ainda a transcende. Ou seja, a razão está presente na experiência mística, porém a percepção do infinito vai além da razão, dos sentidos, da experiência sensorial e objetiva. Por este motivo, o místico não é irracional, anti-cientifico, mas sim transracional e transcientifico. Ou seja, ele ja experimentou a razão, tomou consciência dos limites do intelecto e dos sentidos objetivos e pôde, assim, ir além deles.

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